Responderei a todos: por que procuramos pelo amanhã? Onde está este sonho que caiu da prateleira junto com o pote de doce de figo?
Olha, ´tô pra dizer que aquilo não foi um bom negócio; aquilo de dormir e não saber se estava acordado, pois olhei pela janela e vi o sol...mas no sonho não tem que ser diferente? Não teriam que ter dois sóis, por exemplo? Pois é, dava no mesmo ... não dava mesmo pra advinhar que era tudo muito diferente da ficção...pois nossas realidades tem mudado tanto; parece que demora mas vem rápido. Eu tento. Coisas do tempo, da citizen, do shoptime. Afinal se eu ´tava dormindo não tinha mesmo que ver sol nenhum; deviam ser duas luas ou alguns vagalumes entediados.
Eu escondi a brincadeira, mas escondi de verdade. Até de mim mesmo. Não havia ninguém pra me dizer se era sonho, se era ilusão tudo aquilo. A gente não conversa quando dorme, não é? ...até conversa mas não se sabe com quem exatamente. E a gente também não sabe se estão falando com a gente ... se há algo de mensagem para mim ... a gente acha - somos eternos opinólogos.
Olha só: eu não escutei o apito do guarda noturno; não esbarrei com nenhum cachorro sem cabeça; boi tatá, pererê; sei lá.
Agora, entre um pão integral e tahine com mel, me esqueci de contar as contas de meu colar alucinógeno que fica pendurado na parede junto ao globo na sala de estar. São contas, nada mais.
Algumas revistas de mulher pelada espalhadas, algumas revistas espalhadas de bundas, algumas bundas espalhadas me lembram que bundas também lembram. Fica por aí, sem me vangloriar da descoberta do mundo e achar que todo homem é igual. Eles mudam. Eu? Bem, estou no aguardo...em QAP, devendo me confrontar com o que me excede.
As chamadas na secretária estavam aguardando: uma era da menina oferecendo aquele purificador de água Europa. Tinha uma ligação a cobrar e duas do Wilson. Wilson...wilson...ahahaha, me lembrou o filme do Tom, o náufrago, não era isso? ´Tô mesmo desarazoado, mas raramente fui visto como viajante de um trem sem cabeça. Ah, já sei - quem sabe "é favorável atravessar a grande água" - seguir o que os palitos do
I Ching diziam. Um oráculo, talvez, meio insólito, mezzo calabreza mezzo contralto, saido das profundezas ou das sendas da noite. Fascinante, não? Um "nouveaux roman". Talvez seja o ato apocalíptico...2012.. profecias maias... sei lá de novo, pode ser algo como a febre da escatologia barata vendida nos camelôs da 25 ou uma regra qualquer familiarista retrógrada. Não, não. Não é um adieu, mas um jusqu´au revoir. Deixaram a janela aberta e tudo o que vi passar foi o depoimento. Havia um basta, isto me deu de recordar. E aí o sonho que era água virou um misto de piña colada com pisco. Uau, que abordagem repentina, germicida! Pois é, olha só, quando menos me dei conta, já havia tido aquele momento de elite: escrevi um hai kai...que só sai mesmo no repente, quando a gente se depara com a gente, na dimensão que não esperava...no inesperado. Pensei como todos aqueles, amigos, que a própria vida não passa da travessia de uma experiêcia caótica. E há algo mais caótico do que o repente?
Um beijo às duas. Há de se repartir.
...
maurice/langueETparole.com.voces.MG>Rio
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
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ResponderExcluirEu quero escrever assim!!! Confusão, supresa, tédio de abrir a caixa de emails e não encontrar a mensagem que e de quem se espera se dissolvendo durante a leitura do seu texto: plural, doido, meticulosamente doido e ao mesmo tempo lúcido e simples.
Muito bom!
Lembra os textos da Pape.
Tamo junto e misturado!!!!
Beijos!