sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Resíduos e raspas

Quando acabou de tirar o arroz-doce da panela, sobrou o que não era dos potes.
Sobrou o resíduo no fundo; este, o mais gostoso.
Passei o dedo.
A colher raspa o tacho até tirar aquele arroz filtrado; aquele diferente.

É o segredo de Donnana, mineira de Maria da Fé, fazedora de arroz-doce.
Eu não sei direito o que é o amor; mas as vezes acho que saiu da panela de Donnana.

Por isso amo o arroz e as Minas Gerais.
Não consigo ficar sem elas; Donnana, Gerais.
Fiquei um resíduo quando não a via mais.
Fiquei uma raspa quando não havia mais.

Nem eu nem ninguém fica sem arroz-doce...
Por isso acho que entendi o que era amor-doce.
Foram necessários os restos, as raspas, o fundo e as sombras.

Quando voltar a Maria da Fé, vou levar comigo mais amigos.
Aqueles que nunca rasparam o tacho de Donnana.
Você gostaria de vir?

mauriceet7&SANtos,2009

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