Pisou no tapete da porta de entrada e ela se abriu;
é como aquele efeito piezoelétrico - você pisa e a porta abre.
Uma baforada de ar condicionado bateu na sua testa.
Impassível, continuou caminhando reto.
Parou numa daquelas máquinas de conveniência e, com uma moedinha de 1 real, sacou uma ruffles.
Cuspiu na lixeira de coleta seletiva; escolheu a dos orgânicos.
Arrumou seu alforje, limpou o bigode com a manga direita e seguiu a direita.
Vociferou todo seu silêncio no âmago da sala de reuniões;
sentou-se comodamente com as botas cruzadas, cheias de pó, sobre a mesa.
Tirou seu chapeu...bateu a poeira e jogou-o na poltrona ao lado.
- Pronto, estou aqui, disse aos acionistas.
- Mas...queremos dizer, não há mais nada a fazer, completaram os shareholders.
- Está bem.Digam-me, quem foi o último comprador?
- Como assim? replicaram os mesários.
- Assim assim: quem foi o último a comprar as ações?
- Mas por deus, Pancho, foi você!
- Obrigado.
Despediu-se batendo o chapéu na mão já na porta da grande sala.
Passou pelo saguão e parou demoradamente no espelho central.
- Pancho...Pancho.
Voltou-se até o lixo e tirou a embalagem de ruffles que havia jogado na lixeira de metais e jogou-a na de plástico.
Pisou no tapete interno e a porta automática se abriu.
Levou uma baforada de ar quente e cuspiu no canto da parede.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
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