sexta-feira, 26 de março de 2010

Chegou o Outono ... segredos de um hai kai










Mistério

Outono outro,
o segredo do ciclo,
oculto noutro.



















pourmauriceETSAntos,2010, segredosdeoutono 




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quarta-feira, 24 de março de 2010

As saudades, minhas estações e orgãos.

A saudade é um vento.
Tem dias que não sopra, que não aparece...
não balança as folhas das árvores.
São os dias secos que magoam meus pulmões.

A saudade é um frio,
aquele que adentra ao peito,
aquele que esfria meu timo
e apoquenta meus rins...

A saudade é um trem triste.
Na mesma estação que chega, volta
e só quando quer, aparece.
Só o coração sabe dizer....

A saudade às vezes é feia.
Parece xixi e cocô.

Mas de tanto balançar, vir e desvir,
de agitar e acalmar,
acabo por conceder ao costume.

A saudade, esta velha companheira
da língua brasileira,
vira mistério nas mãos do incauto amigo.

Como jardineiro,
planto sementes de anti-saudades e, quieto,
tento colher em outra língua.
Sim, rego todos os dias, em diversos dialetos,
para que na próxima primavera,

possa colher outra palavra.

Aí então eu me desacostumo.
Ah, mas e o sentimento?
Este fica para o acaso.
Quem sabe eu encontre minha amiga,
que é a presença da ausência...
que é saudosa
e às vezes vive aqui,
e depois alhures.


OspTAO




o espaço entre o Céu e a Terra é como uma flauta, vazia, ainda assim, inesgotável; 
quando soprada mais e mais sons produz.



mauricceETSantos,2010-foto deserto de Gobi, Mongólia

terça-feira, 23 de março de 2010

Corpo





CORPUS
ECOS
ETHOS
EGOS
ELOS
ELES
EU
OIKOS
ETHOS
eLOS


pourmauriceETsantos,2010

sábado, 6 de março de 2010

Sendo zen

para ver mais: www.acupunturamaurici.blogspot.com/





manifestamos nossa essência quando permitimos e mobilizamos nosso alento interior.
como um músico que vibra seu instrumento, 
podemos atuar conscientemente sobre nosso som,
harmonizando o nosso corpo, 
abrindo espaços interiores e
aplicando a intenção adequada para o tom de cada gesto.



.pourmauriceET&7sanTOS,2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

TERREMOTO DO CHILE ENCURTOU OS DIAS NA TERRA, DIZ A NAsA

O terremoto chileno aconteceu nas latitudes abaixo do equador, o que o torna mais eficaz na mudança do eixo do planeta...




MEXERAM NA MINHA BÚSSOLA
POUR MAURICE SANTOS

Quando bateram na minha porta pensei que fossem, de novo, as crianças do hallowe’en. Desta vez iria pedir feitiçaria. Mas não precisou. Antes mesmo de xeretar no olho mágico, desconfiei que, pelo horário, só podia ser algo do Pimentone: vou enfiar uma xixica embaixo da porta e quem sabe o monstrengo lá fora vai tombando, como diz mamãe. Preparei minha xipalapala.  Tarde da noite tem entregador de pizza, comida chinesa, delivery do rei do bacalhau ... e o carteiro do pólo sul. Pois é, lá também funciona, e olha que é longe. No Mar de Wedell, enseada de Terra Coats, tipo paralelo 40º, não tinha idéia que alguém viria me visitar. Afinal não sou nenhum príncipe nem conhecido de Marta, Astrid, Rognhild, Olaf, Elisabeth, Jorge V ou outro da corte, nem tampouco queria competir com Roald Amundsen ou Shackleton. 
Vão me tirar daqui de novo! Como me acharam? Calculei: estava um pouco mais da longitude 40º:  Mercúrio a 57.000.000 kilômetros. Maravilha de telescópio que ganhei do Johnny. Não importa que ele comprou na 25. O fato é que funcionava: made in China, vi embaixo do tripé. Não haveria então que me preocupar com o calor. A não ser este maldito aquecimento global. O círculo polar antártico ficava cada vez mais pra cima. Não! Eu ´tava indo pra baixo. Ali, acho, alguém haveria finalmente de constatar meu esquecimento global.
O relógio, presente da Okies, já estava congelado e não funcionaria mais. Parou  ao meio dia e doze minutos. Sem rádio relógio, nem sol pra fazer um gnono perdi a conta. Me lembrei da bússola. O ponteiro do pólo norte não parava de se mexer. Ficou tremendo por uns, sei lá, seis dias; depois parou.



Fixei um ponteiro encima da bancada da estação. Alinhei o pólo norte com o ponteiro externo à bússola. Pensei comigo: a mesa não mexe, certo? Se o ponteiro da bússola mexer é porque o planeta  'ta mexendo! Uau, très loucure malandre!  A mesa não tinha como se mexer. Ah, talvez até, caso a placa inteira do polo sul mexesse;  ela poderia, desgovernada do jeito que anda: fiz então um marco fora da casa  alinhado com um ponto virtual no mar correspondente ao Cabo Vahsel, por via das dúvidas. Fui percebendo que a agulha do norte começou a se deslocar. Não havia interferência de nada a não ser da minha respiração e, lá de fora:  uma tempestade de neve que mais incomodava as focas.Só uma coisa poderia alterar tanto a agulha da bússola: o próprio eixo magnético do planeta. Mas como? -  perguntei - o marco da bússola caminhava lentamente para  o equador. Imaginei o que poderia estar acontecendo em todos os equipamentos que se utilizam dos efeitos eletromagnéticos: ou seja, quase tudo. Certa vez ouvi de um físico barbudo e mal encarado que se um dia o campo magnético da terra invertesse os pólos, seria porque o centro do planeta, o magma, estaria rodando em direção contrária, e os spins dos elétrons iriam também inverter e com eles a terra iria ficar up-side-down. Mas que besteira, imaginei.
Depois que eu fiz a última ressonância magnética no meu calcanhar eu entendi que os campos eletromagnéticos poderosos alteram os spins dos elétrons. É isto mesmo o que acontece com o exame na imagem RNM. 
Bom, quero dizer que a Groelândia estava prestes a se tornar a Antártida e onde eu estava o oceano glacial ártico!
Tive que mudar minha cama de lugar. Ajeitei a cabeceira do lado oposto. Minha cabeça ficou apontada para onde a bússola mostrava o sul. Estranho, very weird! Dormi bem encolhido aquela noite. Acordei também não sei que hora e nem sei porque: meus pés estavam batendo na cabeceira!
Mas de que me interessaria, afinal?

Não havia coleta seletiva por ali. Derreti meu relógio no caldeirão da estação. Os dias já eram mesmo diferentes. O tempo mudou. Nada ficava mais em pé. Nem eu inclusive. A água que rolava ralo abaixo tinha invertido o sentido. Agora descia no sentido horário e devagar. A aurora boreal mostrou cores diferentes das usuais: um tipo de violeta com roxo e lilás. Interessante. Eu não tinha como contar meus batimentos cardíacos, pois não dava mais para ter "batimento/por/minuto". Não havia mais minuto.Mas percebi que estavam lentos. A gravidade alterou, pensei. Menor gravidade, menos pressão sistólica. Com isso tive mais forças para caminhar e fazer o que tinha que fazer, mesmo se sentindo meio de cabeça pra baixo.  O gelo flutuava feito pena de ganso. Não caía totalmente. O sol estava quieto. A raras ondas de calor sobrevoavam o mar e a impressão era que a água ia sair voando. Very weird! O lençol da cama ´tava levitando e o gelo lá fora boiava feito mandiopã. Do fundo do oceano surgia um tipo de montanha. O mar 'tava abaixando? Não, não podia. Era uma montanha que surgia do fundo  dele:  um umbigo crescendo no meio d´água. Uau, será a Glospéia? Lembra Gabi?  Será Kabilak? Lembra Daniel? Quando vi a bússola e o ponteiro que havia fixado fora dela na mesa, percebi o quanto a flecha tinha se deslocado, apontando exatamente para o sul quando deveria mostrar o norte. Só pude concluir que a precessão dos equinócios tinha ocorrido –  a Terra já não era a mesma. E como será que estava o resto do planeta? Escondido do jeito que fiquei naquele mar de gelo e naquele início de verão, que também não era mais verão, era inverno, pensei que seria bom ficar por ali mais um pouquinho. Mexeram na minha bússola e o hemisfério sul virou hemisfério norte! Os norte-americanos viraram sul-americanos -kkkkkk-  agora eles vão precisar falar protuguês ou espanhol e tirar visto, apresentar imposto de renda e provar que  são mais leves que os antigos latinos para entrar na América! E nós finalmente vamos poder falar inglês sem precisar pagar aquelas escolinhas chatas  ... e vamos também poder ter o nosso próprio Mickey. God´s  sake Jesus Christ dam it!  How would it be hanging it? ?Q estás haciendo, cabrõn...? Punta madre de dios - estás loco de la cabeza?

terça-feira, 2 de março de 2010

amor em vento

















cheio e vazio: as mãos pulsam com intenção e sem intenção.

|O que falam do amor
dizem que não é coisa minha,
não entendo,
 por acaso,
que o amor é o vento;
que deste eu gosto.
Mas se o amor é tão parecido com ele,
que, como eu digo,
se confundem,
por que os dois nomes? 














pourmauricelepetitpain,2010